sexta-feira, 13 de abril de 2012

Lançamento do Documentário: A Transformação Sensível: Neblina Sobre Trilhos


Neste último dia 10 de abril, a Fundação Santo André, tornou-se palco para o lançamento do documentário: A Transformação Sensível: Neblina Sobre Trilhos. Documentário este, idealizado e produzido por professores, alunos e ex-alunos do Centro Universitário Fundação Santo André em parceria com a Faculdade Federal do ABC.

O filme aborda a problemática do abandono cultural e histórico presente na cidade de Paranapiacaba, onde se encontra a primeira via férrea do Estado de São Paulo.

Transformada em patrimônio público, a cidade acolhe hoje turistas atraídos, sobretudo, pelo festival de inverno que se tornou famoso na região. Por outro lado, nota-se que a cidade é exemplo clássico de patrimônio histórico e cultural, abandonado pelas autoridades públicas no que diz repeito a preservação, é por isso, que muitos turistas ao serem entrevistados no documentário mostraram desconhecer a história local.

O que o documentário propõe é justamente o resgate dessa história, a partir da narração dos verdadeiros protagonistas dela: os trabalhadores da ferrovia, responsáveis pela efetivação do projeto São Paulo Railway.

A importância de dar voz aos moradores e ex-funcionários da ferrovia, encontra-se justamente na possibilidade de dissipar a neblina sobre os trilhos de Paranapiacaba, removendo-a lentamente a partir da narração de cada um dos ex-ferroviários que durante muito tempo, foram os responsáveis pelo funcionamento da ferrovia, que hoje encontra-se a mercê da deteorização do tempo. Para completar esse objetivo, aspectos históricos de cada década abordada são resgatados a fim de inserir a história de Paranapiacaba ao seu lugar de origem: o mundo.

Vale à pena conferir essa história disponível gratuitamente para as instituições interessadas. Basta entrar em contato com a equipe responsável pelo projeto através do e-mail: odairgarcia@uol.com ou pelo telefone: 11-8305 - 7514.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Cadernos de Ciências Sociais - Número 2 "América Latina: Bicentenário de uma Luta Inacabada"

Foi lançada nesse início de ano a revista acadêmica Cadernos de Ciências Sociais - Número 2 "América Latina: Bicentenário de uma Luta Inacabada". O trabalho, resultado do esforço de alunos e professores do Curso de Ciências Sociais da FSA, contem uma série de artigos e entrevistas, além de comunicações de pesquisa, referentes à Semana de Ciências Sociais 2010, cujo tema foi: "América Latina: Bicentenário de uma Luta Inacabada".


Os Cadernos estão sendo vendidos por R$ 15,00. Para maiores informações, entrar em contato pelo e-mail: colegiado.sociais@fsa.br


APRESENTAÇÃO

Este segundo número dos Cadernos de Ciências Sociais reúne as exposições apresentadas durante a Semana de Ciências Sociais 2010 – América Latina: Bicentenário de uma Luta Inacabada, bem como outros artigos confluentes com essa temática e as Comunicações de Pesquisa de estudantes de graduação e pós-graduação.

O evento, de caráter interinstitucional, foi organizado pelo Colegiado de Ciências Sociais, do Centro Universitário Fundação Santo André, o Departamento de História, o CEHAL (Centro de Estudos de História da América Latina) e o NEHTIPO (Núcleo de Estudos da História do Trabalho – Ideologia e Poder), da PUC-SP, e as Faculdades Cásper Líbero, e obteve o apoio da CAPES. Os debates, desenvolvidos simultaneamente nas três instituições, contaram com a presença de pesquisadores de diversos países da América Latina.

Este número vem à luz num momento em que, mais uma vez, as contradições do capital eclodem em uma crise tão global quanto as próprias relações capitalistas, trazendo à tona seus limites e dando corpo visível à urgência de fazer a crítica teórica e prática de um modo de produção que tem na desefetivação dos produtores sua condição de existência e reprodução ampliada.

A apreensão teórica não pode desconsiderar nem a processualidade histórica pela qual essa forma de metabolismo com a natureza veio a assumir seus contornos atuais, nem seu caráter desigual e combinado, manifesto nas formas particulares de sua entificação.
A particularidade histórica latino-americana, em suas relações internas e enlaces externos, foi o foco do evento, em especial seus dois últimos séculos, desde o marco dos movimentos de independência e afirmação nacionais.

Os materiais aqui publicados manifestam a importância dessa temática. As transformações operadas na América Latina ao longo de dois séculos modernizaram o continente, mas conservando condições materiais e humanas fortemente restringidas impostas pelas classes dominantes internas e externas desde o início dos tempos modernos. De sorte que, transcorridos duzentos anos, não assistimos a um desenvolvimento humano compatível com os padrões tecnológicos industriais que para cá foram sendo carreados.

A disparidade entre o padrão humano societário e as forças produtivas do capital foi sendo revelada nas intensas lutas sociais, de múltiplos conteúdos, as quais, no entanto, apesar de conquistas alcançadas em diversos momentos e esferas, não lograram rompoer a super-exploração da força de trabalho nem o caráter autocrático de seus estados. Ao contrário, a resposta, na maior parte das vezes, não foi outra senão a repressão brutal, política e ideológica, e o adensamento de uma vigilância estatal, preventiva, própria das instituições autocráticas aqui instaladas pelos setores dominantes endogenamente, mas subsumidos às determinações e interesses do capital internacional.

Internamente, as autocracias burguesas promoveram um aperfeiçoamento das formas de dominação criando padrões ideológicos ultra-conservadores, convenientes à manutenção e continuidade de seu hiper-atraso sócio-econômico em relação aos países europeus e, mais tarde, também em relação aos EUA e Japão.

As lutas pelas independências nacionais permaneceram inacabadas, e o processo de mundialização do capital, apoiado no desenvolvimento das forças produtivas e na reconversão dos países pós-capitalistas ao capitalismo, tornou definitivamente obsoletas as lutas nacionalistas. Os diferentes países latino-americanos inserem-se nesse novo quadro mantendo os óbices decorrentes do atraso na objetivação do capitalismo que aqui se desenvolveu e da atrofia insuperável de que o capital padece: o estreitamento material e espiritual e a opressão a que são submetidas as massas trabalhadoras.

Os estranhamentos produzidos pelo capital e as falências práticas e teóricas das tentativas de responder a eles tornam o presente pouco auspicioso, mas não interditam nem emudecem a luta pela emancipação humana; reafirmar a potencialidade humana de autoconstrução, individual e genérica, identificar os obstáculos postos a esse processo pelo capital e pelo estado, e prospectar os caminhos para sua superação.

Tão efetivos quanto os obstáculos postos pelo capital e pelo estado, em suas várias manifestações particulares e enlaçadas, ao processo de autoconstrução, individual e genérica, são a potencialidade humana de prosseguir nessa trilha, identificando esses obstáculos e prospectando os caminhos para sua superação.

O Colegiado de Ciências Sociais, nas diversas atividades que organiza e apóia, busca manter presente essa perspectiva. A Semana de Ciências Sociais 2010 – América Latina: Bicentenário de uma Luta Inacabada, não foi diferente, como mostram os artigos aqui reunidos. Em todos eles, em que pesem as especificidades, revela-se o esforço em apreender o processo histórico e o presente de diferentes países do continente, sob ângulos que incluem as relações de subordinação imperialista, as condições de trabalho, as formas do estado, a presença e luta das mulheres, os meios de comunicação.

Os resumos das Comunicações de Pesquisa de estudantes de graduação e pós-graduação das instituições organizadoras e outras mostram os primeiros resultados auspiciosos dos esforços dos novos pesquisadores e professores em formação.

sábado, 29 de outubro de 2011

Uma festa para celebrar saberes

Por Dalila

De alto nível as palestras e o debate. O clima da celebração do encontro de mestres e alunos que encerrou a Semana de Ciências Sociais da Fundação Santo André na livraria Alpharrabio no último sábado 22, deu-se também através da arte.

Primeiro a mesa RESISTÊNCIAS POPULARES NA AMÉRICA LATINA, composta pelos professores Everaldo de Oliveira Andrade , Silvia Elena Alegre e Mayara Conti, que abordaram temas históricos e políticos da Bolívia, Argentina e Chile, objeto de seus estudos acadêmicas. A mesa foi mediada pela Prof. Lívia Cotrin, também coordenadora da Semana.


A seguir ao debate com o público presente, os professores Ivan Cotrin e Everaldo de Oliveira Andrade, autografaram seus livros, Karl Marx – A Determinação Onto-negativa Originário do Valor e Bolívia: Democracia e Revolução e A Comuna de La Paz de 1971, respectivamente.


Simultaneamente aos autógrafos, a música preencheu a tarde. Pixinguinha, Adoniran e outros compositores, habilmentes executados, celebraram com fraternidade o encontro de saberes




Saberes aprendidos e apreendidos com leveza e arte, Academia comunidade adentro (dtv).


Originalmente em: Alpharrabio

Jornal - Semana de Ciências Sociais 2011

Segue abaixo o jornal com a cobertura da Semana de Sociais 2011, produzido por alunos, ex-alunos e professores:

sábado, 22 de outubro de 2011

Semana de Sociais 2011 - 5º dia

As palestras que animaram o auditório nesta sexta-feira, dia 22/10, foram protagonizadas por LG, José Arbex Jr. e Simone Ishibashi. A composição da mesa, formada por um homem moço, por um homem já mais experiente, e por uma jovem mulher, revelou posições bastantes diferenciadas no tocante aos processos de sublevação dos povos árabes. Apesar das diferenças, porém, houve alguns pontos comuns e preponderou o debate fraterno e a livre exposição de ideias.
José Arbex Jr. iniciou as falas discorendo o sobre o caráter novo do processo em curso, na história da humanidade, mas recusou-se a fazer qualquer comentário sobre a possibilidade de as redes sociais terem causado quedas de ditaduras. A Grécia é representativa de um estado de tensão, que poderá ter desdobramentos inauditos. A Itália, sendo a quarta economia da zona europeia, chama a atenção pela fragilidade econômica que anuncia, e pela possibilidade de explosão de conflitos semelhantes. No tocante à África, após as quedas de ditaduras em Tunísia, Egito, e agora com a morte de Muamar Kaddafi, mostra-se que a Otan entrou na Líbia, assassinou-o e garantiu assim o fluxo do petróleo – elemento de suma importância – para o mundo capitalista, particularmente o europeu. O clima é tenso. A Turquia rompeu com Israel, após a desagradável e bárbara recepção da flotilha da paz que saiu de seu porto rumo à Palestina, violentamente interceptada pelas forças armadas israelenses. Neste contexto, o Irã nada fez, além das bravatas e insultos de Ahmadinejah. A questão do petróleo agrava-se com o fato de que a Arábia Saudita complicou-se ao enviar tropas ao Bahrein, auxiliando na repressão – por ter com isso causado má impressão (a de ter violado espaços sagrados do Islã, em favor de potências ocidentais), e assim criou instabilidades internas e conflitos com a população. Ao capital, as alternativas que se mostram podem refazer soluções do passado, como destruir forças produtivas para ter novamente de reconstruí-las, promovendo para tanto uma guerra entre Israel e Irão – regionalizando assim um conflito que é, na realidade, muito maior. Pode haver um processo de tomada de poder pelos trabalhadores, ao estilo soviético; como pode haver também a ascensão de um grupo fundamentalista extremista que venha a instalar um regime teocrático. Temos um longo processo pela frente, que poderá ser permeado pela guerra. Já respondendo a perguntas, disse Arbex que pouco podemos fazer de nosso lugar; vivemos uma crise de humanidade, com 1 bilhão de pessoas a passar fome, outro tanto a sofrer pestes, outro tanto a sofrer com desastres. Cá no Brasil temos 22 milhões a morrer de fome, de modo que é pretensioso querer resolver os problemas do Oriente Médio, se não resolvemos os nossos. O que podemos fazer é refletir e pensar, num exercício semelhante ao de quem tira uma fotografia.
LG, por sua vez, relembrou sua exposição anterior, quando acabava de vivenciar a célebre derrubada do ditador Hosni Mubarak na Praça Tahrir, pela bravura e teimosia do povo egípcio. Ponderou que tratava-se agora, até pela composição da mesa, de fazer outra análise. Traçou portanto um breve histórico do nacionalismo árabe (elogiado por Arbex, por bem feito), encabeçado por Nasser, em sua guerra vitoriosa contra Israel, o que possibilitou estatizar o canal de Suez, e diversas empresas. O Egito ganhou assim um papel chave de liderança no mundo árabe, e Hosni Mubarak deu seguimento a tal política, embora promovendo algumas privatizações. No entanto, tinha enorme prestígio, por ter confrontado por de três a cinco vezes Israel, por vias bélicas. Sua queda, pela ação das massas, desvendou a face do regime, e agora passam a aparecer situações antes camufladas, como a da íntima ligação entre o regime e o imperialismo, entre o governo e o enriquecimento pessoal de generais, donos de empresas terceirizadas controladas pelo exército (empresas estatais). Com isso, a revolução do Egito ganhou centralidade e espalhou-se pelo mundo árabe, cuja tensão, conflito e revoluções continuam potencialmente vivas.




Simone Ishibashi, apesar do efeito colateral medicamentoso que lhe exigiu, ao longo da exposição, constante refresco da garganta via ingestão d’água, falou com desenvoltura e bem. Começou por definir o significado do termo “Primavera Árabe”, tirado de outra situação, já passada, a Primavera dos Povos, de 1848 – dois contextos históricos que guardam de fato semelhanças. O processo iniciado em 1848 chegará ao seu término com o golpe de Estado perpretado pelo famigerado Luís Bonaparte, nosso conhecido “o sobrinho do tio”. Em ambos os casos, um contexto de revoltas populares se expalha como uma onda por diversos territórios, como agora. Em nosso caso, porém, não há, porém, como lá também não havia, centralidade da classe trabalhadora na direção do processo. Hoje, a derrubada dessas ditaduras no norte da África e Oriente Médio não põe em xeque a estrutura econômica. Em muitos desses países, com o nacionalismo árabe surgido em meados do século XX, criou-se o que aqui poderíamos chamar de um welfare state (ela não usou este termo), uma espécie de estado de bem-estar social que, no Egito, por exemplo, deu educação gratuita ao povo, numa política de subordinação política ao Ocidente, ao Imperialismo, e repressão política às massas. Com este estado de coisas desmantelado, com a crise, tudo veio abaixo. As revoltas vieram e, assim, encerrou-se o primeiro capítulo da Primavera Árabe com suas deficiências: ninguém levantou na praça Tahrir bandeiras contra o Imperialismo, contra os acordos de Camp Davis, por exemplo. Agora, abre-se um segundo capítulo que indica uma reversão destes pontos débeis, em que estes acordos possam ser postos em questão, pondo igualmente em questão o conselho militar que hoje dirige o país – fato proporcionado exatamente pela debilidade e marginalidade proletária no processo inicial. Põe-se e impõe-se portanto a necessidade de dizer que ainda não houve revolução, nem centralidade da classe trabalhadora. Já a responder perguntas, disse que não há, no jargão marxista, a intenção de acoplar significado pejorativa ao termo “massas”, por parte de quem se proponha a dirigir os atos e a direção política; o papel do setor dirigente é lembrar às massas da força que elas têm e tiveram ao longo da história, como na Rússia, tomando o poder e fazendo uma revolução, enfrentando sete exércitos e imperialistas que a cercavam, e finalmente vencendo.

Texto e Charge por Roksyvan Paiva

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Semana de Sociais 2011 - 4º dia

Ontem (20/10), quinta-feira, tivemos o quarto dia de palestras e debates da Semana de Ciências Sociais do CUFSA. A palestra do dia intitulada Crise do capital e perspectiva de futura em que os professores Mário Duayer e Ivan Cotrim trataram dos respectivos temas: Marx e a crítica do trabalho capitalista e Marx e a crise do capital.
Mário Duayer foi o primeiro a expor seu tema e discuti-lo. Em sua exposição demonstrou como o trabalho, de acordo com Karl Marx, torna o ser social. Desta maneira desdobrou sobre como no sistema do capital o trabalho se transformou no centro da sociedade, uma vez que há a generalização da troca (de mercadorias) e esta, nas palavras de Duayer, “é mediação de extremos pressupostos” históricos, fazendo o trabalho se tornar o sentido da vida dos indivíduos. Ou seja, como disse o professor, a “troca generalizada só acontece quando os produtores diretos são expropriados de seus meios de trabalho”, para tanto houve um processo histórico que dissolveu os antigos modos de produção de tipos mais variados. Dessa maneira o capital pode se apropriar de todas as esferas da vida e comandá-la, tornando esta atividade, tipicamente humana, sem sentido e pautada no trabalho abstrato, o dinheiro. Sendo assim, o produtor é subordinado a uma figura abstrata a qual se configura no trabalho morte.
A partir da exposição sobre o trabalho Duayer demonstrou como Marx faz uma análise ontológica crítica da centralidade do trabalho nesta sociedade. Portanto, Marx ao buscar compreender a sociedade do capital fez uma auto-reflexão sobre a mesma e sua história, além de ter como objeto de estudo a própria realidade. Em outras palavras, tentou entender o trabalho e as relações sociais, vinculadas a ele, através do próprio trabalho.
Assim nosso palestrante finalizou sua fala dizendo que o trabalho “é fundante, mas não pode ser central”, pois deve ser uma condição para o desenvolvimento do ser e não um fim em si mesmo.
Logo em seguida tivemos a discussão com Ivan Cotrim, o qual apontou os fatores principais que fizeram gerar a atual crise mundial. De inicio demonstrou que a situação mundial hoje é resultado de problemas econômicos de começaram a aparecer em torno de 2006 e tivera seu ápice em 2008 com a quebra de alguns bancos. A crise é, portanto, como disse Ivan, uma “necessidade de reordenação do capital” para que possa se manter.
Desta maneira toda a análise buscou mostrar que a crise, não é financeira, mas compete ao âmbito produtivo, sendo assim crise de superprodução. Não obstante, esses problemas econômicos pertinentes ao capital apresentam-se logo após um período de crescimento econômico, o qual segue-se de uma queda da taxa de lucro a qual afasta a percepção da ampliação, havendo então a estagção e o desgaste das forças produtivas. Enfim a atual crise pertence a esfera da produção e se instalou devido as contradições existentes no capital.

Por Jacqueline Marinho de Sousa

Acompanhe a programação da Semana:

PALESTRAS

Local: Auditório da Fafil
Horário: 20h00

21 de outubro - Insurreições no Mundo Árabe
Insurreições árabes: dilemas e caminhos – José Arbex (PUC-SP)
Revolução do Egito: o que o mundo está presenciando? – Luis Gustavo Porfírio
A Primavera Árabe em chave revolucionária – Simone Ishibashi

COMUNICAÇÕES DE PESQUISA

21 de outubro – 18h00 – Sala 33 – Fafil
Inscrições até 15/10: www.colegiadosociais.com/semana2011
Coordenação: Prof. Lívia Cotrim

DEBATES E EXPOSIÇÕES

Horário: 18h00 às 20h00

17 a 21 de outubro - A Questão Agrária no Brasil Ontem e Hoje
Sala 34 – Fafil Coordenação: Prof. Marineide S. L. Santos

17 a 21 de outubro - A Revolução no Norte da África e no Chile
Sala 32 – Fafil Coordenação: Hugo Ariel Alvarez, Caio Giovanni Santos e Renata Vieira da Silva
20 de outubro As insurreições africanas – Miguel Tavares de Almeida

MOSTRA DE CINEMA

Local: Auditório da Fafil
Horário: das 18h00 às 20h00
Coord.: Michel da Silva e Willer de Oliveira

21 de outubro - Cortina de Fumaça
Brasil, Rodrigo Mac Niven, 2010, 88 min.

ENCERRAMENTO

22 de outubro
Local: ALPHARRABIO Livraria e Editora – Rua Eduardo Monteiro, nº 151
13h00 Resistências Populares na América Latina
A Comuna de La Paz – Everaldo de Oliveira Andrade (UNG)
Crônica de tempos difíceis:aspectos da história contemporânea argentina – Sílvia Elena Alegre
Chile: as mobilizações da juventude e a crise econômica da América Latina – Mayara Conti
16h00 Apresentação musical

Lançamentos:
Ivan Cotrim. Karl Marx – A Determinação Onto-negativa Originária do Valor
Everaldo de Oliveira Andrade. Bolívia: Democracia e Revolução. A Comuna de La Paz de 1971

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Semana de Sociais 2011 - 3º dia

Ciências Sociais, Educação e Sociedade Capitalista

Nesta quarta-feira, a programação da Semana de Ciências Sociais se iniciou com a discussão comandada pelo ex-aluno do CUFSA, Bruno Monteforte, com a temática Ciências Sociais, Educação e Sociedade Capitalista.
Ao expor como se apresenta a sociedade capitalista em que vivemos, Bruno lembrou que a escola é um instrumento de dominação e conformação dos indivíduos, uma vez que é subsumida pelo capital. Assim, a educação tem como papel a formação de mão-de-obra de acordo com as necessidades do sistema. Hoje em dia, por exemplo, o capitalismo impõe a formação de mão-de-obra com característica de gerência, que tenha conhecimento em automação, que seja flexível e que saiba lidar com imprevistos. Bruno também colocou que, quando há uma reestruturação produtiva, existe também uma readequação dos conteúdos educacionais. Esta readequação engloba toda a instituição e o aparato superior, responsável pela determinação do programa de ensino. Assim, ocorre que os professores – já sendo mão-de-obra precarizada no ensino público – muitas vezes desistam de suas convicções e anseios humanistas.
Como explicitou Bruno, o professor que tem a intenção de proporcionar um ensino com algum conteúdo crítico, tem que enfrentar obstáculos praticamente sozinho. Nas diversas escolas, com variadas condições materiais e em distintas localidades, cabe ao professor buscar a forma mais adequada de diálogo com seus alunos. Enfatiza Bruno que, neste diálogo, é de suma importância que sempre esteja presente a realidade do aluno. Logo, cabe ao professor com formação crítica e humanista passar estes valores aos educandos. Mesmo a escola não sendo a origem do problema, é mais um meio que precisa ser apropriado para que se consiga uma superação da lógica vigente.

Renovações do Marxismo

Os debates centrais que acontecem no auditório da Fafil contaram hoje com as presenças dos professores Leandro Cândido de Souza (CUFSA) e Lincoln Secco (USP). O primeiro a realizar a exposição foi o professor Leandro, que tratou do tema Lukács e o Debate sobre a Arte de Vanguarda. Para começar, o professor contemplou um pouco a trajetória intelectual de György Lukács, tratando brevemente de seu período pré-marxista, quando assumia uma posição idealista, com grande influência de Kant e Hegel. A mudança desta concepção ocorre quando irrompe a 1ª Grande Guerra e logo em seguida ocorre o triunfo da Revolução Russa de 1917.
Seu aprofundamento na teoria marxiana sucede quando é exilado em Moscou e tem contato com obras inéditas de Marx, como os Manuscritos Econômico-Filosóficos. Assim, Lukács faz uma renovação da teoria marxiana, principalmente no que tange a arte e, posteriormente, a ontologia. O professor diz como Lukács, na década de 1930, expõe o expressionismo como uma arte repleta de um conteúdo irracionalista, sendo então uma vertente admirada na Europa devido a ascensão do nazismo (concepção política irracionalista). Leandro frisa que o expressionismo e o irracionalismo não criaram o nacional-socialismo alemão, mas serviram para desarmar a organização dos trabalhadores para o enfrentamento destas forças despóticas.
O professor citou também como Lukács concebe o “romance” como a forma literária do mundo burguês, sem a presença do herói titânico – presente nas epopéias e que encarnava os anseios, os costumes, as tristezas, etc. dos indivíduos do momento de construção das obras. Assim, o pensador húngaro não aceita as formas literárias da “arte de vanguarda”, uma vez que esta apresenta a decadência da cultura e do mundo burguês. Esta vanguarda faz apologia ao mundo com está, visto que não compreende a realidade da relação sujeito-objeto, do contexto histórico, etc. Leandro conclui que, para Lukács, o papel verdadeiro da arte é proporcionar que o indivíduo que a contempla se reconheça enquanto ser genérico; é fomentar a autoconsciência do gênero – inexistente na arte de vanguarda –, algo que só pode ser conseguido pela leitura fiel e, quando necessária, pela renovação dos estudos de Marx.

Em seguida, o professor Lincoln falou sobre as Leituras de Gramsci. Tratou do tema em duas partes: primeiramente fazendo a exposição das possíveis leituras das obras do estudioso italiano. Na segunda, elaborou um pouco a atualidade dos conceitos empregados por Antonio Gramsci em seus estudos. Assim, abordou a recusa de Gramsci às sistematizações bibliográficas. É evidente em seus escritos o combate ao pensamento burguês e, mais ainda, às formas estruturais em que estes pensamentos estão estabelecidos.
Lincoln pontuou como as edições dos diversos escritos de Gramsci em obras acabadas – apesar não terem alterado substancialmente o conteúdo – efetuaram um direcionamento da sua compreensão. Tanto é que nos anos 1970 foi possível encontrar apreensões conflitantes sobre este autor, como concepções neofascistas e revolucionárias o tendo como influência. Por outro lado, estas compilações proporcionaram que um maior número de pessoas tivesse acesso à sua visão de mundo.
Ainda hoje, as citações de Gramsci são frequentes. Como o professor disse, os conceitos defendidos por ele ainda são de grande importância – mesmo que talvez seja necessária uma renovação de alguns, como o próprio Gramsci tinha consciência de que no futuro provavelmente fosse necessário. Podemos ver a relevância atual destas categorias quando recentemente Chico de Oliveira escreveu o artigo Hegemonia às Avessas, debatendo a conceituação de “hegemonia” gramsciano. Ou ainda quando olhamos um pouco para o passado recente e constatamos que na Europa e na América Latina triunfaram os partidos políticos de esquerda na esfera eleitoral, mas que estes fracassaram nos valores defendidos – situação com a qual o professor Lincoln faz uma assimilação aos conceitos de “pequena política” e “grande política” de Gramsci.
O professor concluiu sua fala lembrando como Gramsci voltou a Marx e Lenin para apreender suas concepções, renovando aquilo que julgava necessário. Voltar a estes expoentes do pensamento crítico ao mundo segue sendo um de nossos dilemas.

Por Guilherme Sávio Marchi


Acompanhe a programação da Semana:

PALESTRAS

Local: Auditório da Fafil
Horário: 20h00

20 de outubro - Crise do Capital e Perspectivas de Futuro
Marx e a crítica do trabalho no capitalismo – Mário Duayer (UFF)
Marx e a crise do capital – Ivan Cotrim (CUFSA)

21 de outubro - Insurreições no Mundo Árabe
Insurreições árabes: dilemas e caminhos – José Arbex (PUC-SP)
Revolução do Egito: o que o mundo está presenciando? – Luis Gustavo Porfírio
A Primavera Árabe em chave revolucionária – Simone Ishibashi

COMUNICAÇÕES DE PESQUISA

21 de outubro – 18h00 – Sala 33 – Fafil
Inscrições até 15/10: www.colegiadosociais.com/semana2011
Coordenação: Prof. Lívia Cotrim

DEBATES E EXPOSIÇÕES

Horário: 18h00 às 20h00

17 a 21 de outubro - A Questão Agrária no Brasil Ontem e Hoje
Sala 34 – Fafil Coordenação: Prof. Marineide S. L. Santos

17 a 21 de outubro - A Revolução no Norte da África e no Chile
Sala 32 – Fafil Coordenação: Hugo Ariel Alvarez, Caio Giovanni Santos e Renata Vieira da Silva
20 de outubro As insurreições africanas – Miguel Tavares de Almeida

20 de outubro - Ciências Sociais, Mercado de Trabalho e Compromisso Ético
Sala 33 – Fafil Marcos Melão Monteiro

20 de outubro - A Copa de 2014 e seu legado (anti)social para o futebol paulista: apontamentos
Sala 34 – Fafil Kadj Oman (ANT – Associação Nacional dos Torcedores e Torcedoras)
Coordenação: Erik das Dores e Guilherme Sávio Marchi

MOSTRA DE CINEMA

Local: Auditório da Fafil
Horário: das 18h00 às 20h00
Coord.: Michel da Silva e Willer de Oliveira

20 de outubro - Zeitgeist
EUA, Peter Joseph, 2007, 118 min.

21 de outubro - Cortina de Fumaça
Brasil, Rodrigo Mac Niven, 2010, 88 min.

ENCERRAMENTO

22 de outubro
Local: ALPHARRABIO Livraria e Editora – Rua Eduardo Monteiro, nº 151
13h00 Resistências Populares na América Latina
A Comuna de La Paz – Everaldo de Oliveira Andrade (UNG)
Crônica de tempos difíceis:aspectos da história contemporânea argentina – Sílvia Elena Alegre
Chile: as mobilizações da juventude e a crise econômica da América Latina – Mayara Conti
16h00 Apresentação musical

Lançamentos:
Ivan Cotrim. Karl Marx – A Determinação Onto-negativa Originária do Valor
Everaldo de Oliveira Andrade. Bolívia: Democracia e Revolução. A Comuna de La Paz de 1971