terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Mini-Curso Ciências Sociais, Cinema e Transformação – 1º Dia

Começou nesta terça-feira (15/02/2011) o Mini-Curso Ciências Sociais, Cinema e Transformação, parte da calourada oficial do Colegiado de Ciências Sociais e do Projeto de Extensão Cineducação, formado por alunos de graduação e pós em Ciências Sociais da FSA.

As atividades tiveram inicio às 18 horas com a exibição do filme “O Homem que virou suco” do diretor João Batista de Andrade. O próprio João Batista deu continuidade nas atividades com a palestra, intitulada “Cinema e Transformação Social”, que foi seguida por uma rica discussão acerca do papel social do cinema e da cultura de forma geral.



João Batista falou sobre o cinema como um todo, sobre sua importância histórica e nas artes, sobre o domínio do modelo “hollywoodiano” de cinema e a mercantilização consequência do avanço e consolidação do capitalismo no século XX. Ao citar o modelo perfeito de cinema norte-americano – baseado em superproduções, superestrelas e personagens super-heróis que sempre resolvem as situações críticas às quais são expostos – João Batista colocou como contraponto toda uma escola contrária a essa tendência dominante. Essa tendência se pautava justamente pelo inverso, ou seja, o cinema como algo simples, acessível e mais próximo da realidade, se possível usando pessoas comuns e não grandes astros.



É bebendo dessa fonte que João Batista se coloca. E é através dessa ótica que ele trabalha seus filmes, frequentemente com teor político forte e duramente crítico, contudo, sem perder a poética. Citando vários de seus filmes, nos deu exemplo de sua busca por retratar o mundo a partir de sua materialidade, contando como fez e de onde surgiram as ideias de filmar O homem que virou suco e Greve!, por exemplo, expondo fatos históricos e problemas sociais, sem que essas obras se tornassem panfletárias. O cineasta e escritor falou ainda das dificuldades encontradas para filmar esse tipo de película no período da ditadura, perseguições e censura eram obstáculos enormes.

Ainda sobre as dificuldades encontradas por qualquer cineasta ou “criador”, João Batista afirma que elas não devem ser impedimentos, para ele a cultura vive “às bordas do Sistema”, de modo que é achando brechas nessas dificuldades que o artista e o intelectual podem realizar seu trabalho. Além disso, João Batista ressaltou que um dos elementos transformadores existentes no tipo de cinema que ele trabalha está naquela sensação de inquietação e identificação que toma o público e os instiga. João Batista falou ainda sobre autenticidade artística e sobre a necessidade de retratar os momentos se possível de dentro deles, como foi o caso em Greve!, citando a idéia do intelectual orgânico de Gramsci.




E o Mini- Curso segue com a seguinte programação:

16/02 - 20h00 - O cinema como experiência crítica - elementos metodológicos (Giovanni Alves)
17/02 - 18h00 - exibição do filme Cabra-Cega (dir.: Toni Venturi; roteiro: Di Moretti)
20h00 - Roteiro cinematográfico, mergulho na alma da personagem (Di Moretti)


Lembrando que a entrada é GRATUITA e será emitido certificado para quem participar de ao menos dois dos três dias do Mini-Curso.

Um comentário:

  1. Estive nesse primeiro dia de exibição e discussão sobre os filmes. Foi muito bom!
    Segue ai um trecho do filme que ele narrou que eu curtir pra caralho:
    "A luz, que é uma luz opressora da polícia procurando Deraldo, torna-se uma luz reveladora porque ela focaliza as pessoas e vai aos poucos, revelando sua miséria".

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