quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Mini-Curso Ciências Sociais, Cinema e Transformação – 2º Dia

Nesta quarta-feira (16/02/2011), foi o segundo dia do Mini-Curso Ciências Sociais, Cinema e Transformação. A atividade do dia foi a palestra do Profº Dr. Giovanni Alves, coordenador do Projeto Tela Crítica e pesquisador na área da Sociologia do Trabalho. O título da palestra foi “O cinema como experiência crítica - elementos metodológicos”.

"O grande filme é aquele que mostra LUTA e RESISTÊNCIA"



Giovanni iniciou a palestra parabenizando iniciativas como o Cineducação da FSA e o próprio Tela Crítica, principalmente tendo em conta que o mundo se encontra em um momento de escassez de reflexão e crítica, mesmo, segundo Giovanni, dentro das universidades. O professor tratou sobre as contradições e o estranhamento a que são jogados os indivíduos, na sociedade burguesa, bem como esses fatores contribuem para dificultar ou até mesmo impossibilitar a fruição de obras de arte. O cinema – em especial o mais acessível ao grande público, ou seja, o “hollywoodiano” – se encontra cada vez mais está vinculado à lógica de mercado e distante de seu aspecto humano.

A partir daí, Giovanni passou a tratar mais especificamente do projeto Tela Crítica, colocando-o no sentido de um resgate dos filmes clássicos, como os filmes de Chaplin, que embora estejam mais acessíveis com o advento de novas mídias e da internet, ainda estão no esquecimento e distantes das massas, dos trabalhadores e mesmo dos movimentos sociais. O professor ressaltou a força política presente nos filmes de Chaplin, citando trechos e frases emblemáticas como “Não sois máquinas, sois homens!”.



Contudo, Giovanni ressalta que, apesar da intenção do resgate desse cinema clássico, não se pode tratar com preconceito e simplesmente ignorar o cinema contemporâneo, por mais de uma vez o palestrante insistiu contra esses dogmatismos que dificultam ainda mais a compreensão dos engendramentos do mundo de forma radical, ou seja, em sua raiz. Exemplificando isto, ele nos deu o exemplo do filme “Beleza Americana”, filme “hollywoodiano”, ganhador do Oscar, que despido de sua ideologia, pode nos revelar muito das deficiências e contradições da lógica social vigente.

Tratando sobre o método utilizado no projeto Tele Crítica, Giovanni Alves explicou que é necessário assistir o filme por diversas vezes, citando que assim como “não se entra no mesmo rio duas vezes”, nunca se “vê o mesmo filme duas vezes”. Esse processo de assistir por várias vezes o mesmo filme, somado a pesquisa de informações adicionais e de boa carga teórica é parte do processo de dissecar a obra a fim de extrair seu conteúdo essencial, a saber, o elemento humano, as relações humanas representadas.

Já ao fim da palestra, respondendo a questões dos ouvintes, Giovanni discorreu sobre como o Capital, enquanto relação social que é, aliena e estranha o ser humano e sobre as possibilidades de ações efetivas de projetos como o Tele Crítica. Indagado sobre o que fazia com que filmes clássicos ainda fossem relevantes e conseguissem tocar o espectador, Giovanni colocou o cinema como representação da vida real e concreta, como “mentira que nos mostra a verdade”. Desse ponto de vista, nesses filmes que nos marcam, as personagens demonstram capacidades humanas que são pertencentes ao gênero e, portanto, possíveis de ser efetivadas por todos os indivíduos, daí a identificação entre público e obra.

Segue o site do Projeto Tela Crítica: http://www.telacritica.org/




Amanhã é o último dia do Mini-Curso! Fique atento aos horários:

17/02 - 18h00 - exibição do filme Cabra-Cega (dir.: Toni Venturi; roteiro: Di Moretti) NO PINICÃO

20h00 - Roteiro cinematográfico, mergulho na alma da personagem (Di Moretti)- NO AUDITÓRIO DO COLÉGIO

Lembrando que a entrada é GRATUITA e será emitido certificado para quem participar de ao menos dois dos três dias do Mini-Curso.

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