quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Mini-Curso Ciências Sociais, Cinema e Transformação – 3º Dia

Encerrou-se nesta quinta-feira (17/02/2011) o Mini-Curso Ciências Sociais, Cinema e Transformação. Assim como no primeiro dia, as atividades tiveram início às 18:00h, com a exibição do filme “Cabra Cega” dirigido por Toni Venturi e com roteiro de Di Moretti. A exibição contou com a ilustre presença de Di Moretti, que às 20:00h iniciou sua descontraída e agradável palestra, intitulada “Roteiro cinematográfico, mergulho na alma da personagem”.

"O cinema não tem que PARECER de verdade, ele tem que SER de verdade."

Di Moretti começou tratando de modo geral a situação do cinema brasileiro desde o período do governo Collor, onde a produção cinematográfica era de 4 filmes em média ao ano, até o período mais recente onde, com uma série de incentivos fiscais, a produção chega a 100 filmes ao ano. Di Moretti ressaltou que apesar da alta produção, com algumas exceções, a distribuição ainda é bastante limitada.

O roteirista tratou sobre a profissão de forma geral, dando dicas para aqueles que se interessam na área e citando algumas das dificuldades encontradas por roteiristas e pessoas ligadas ao cinema, desde a qualidade e preços de cursos, até o reconhecimento, seja por parte da mídia, do próprio meio cinematográfico ou do grande público.

Usando exemplos de alguns de seus filmes documentais ou de ficção, como O velho, Latitude Zero, 23 anos em 7 segundos e em especial Cabra Cega, Di Moretti passou a explicar o processo de elaboração de um roteiro, o qual o mesmo fez questão de frisar, vai além de pura e simplesmente escrever. O roteirista explicou a necessidade de se fazer ampla pesquisa sobre o tema a ser tratado no filme, principalmente em casos de filmes que retratam momentos históricos como é o caso de Cabra Cega.

Segundo Di Moretti, é necessário ter respeito por aqueles que de alguma forma serão representados, tenha concordância ou não com o que se passou. Ao dizer isto, o roteirista tratava mais especificamente sobre a questão da luta armada e da militância contra a ditadura, retratada em Cabra Cega. Di Moretti afirmou ter contado com um consultor político e ter alterado o roteiro em determinados momentos em que a história se desviava do que era a realidade do momento histórico retratado no filme.

Citando cada personagem como único, o roteirista falou da necessidade de que cada personagem tenha sua “própria biografia”, pois a personagem não “nascia” no primeiro minuto do filme, ao começo do filme ela já tem uma história anterior. Segundo Di Moretti, esse processo ajuda tanto no desenrolar do roteiro, quanto na assimilação da personagem pelos atores que iram trabalhar no filme. Durante as perguntas, foram discutidas as possibilidades de mudanças inesperadas no roteiro por esse ou aquele motivo, tendo Di Moretti citado exemplos em que roteiros fechados poderiam travar todo um trabalho e roteiros muito abertos poderiam atrapalhar na condução da obra.


O Colegiado de Ciências Sociais e os membros do projeto de extensão Cineducação agradecem a todos que participaram das atividades do Mini-curso durante a calourada e reforçam o convite para as oficinas das próximas semanas e exibições que ocorrerão ao longo do ano. As datas serão divulgadas em breve.

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