terça-feira, 24 de maio de 2011

2º Dia: A Poesia do Futuro – 140 anos da Comuna de Paris


Começamos o segundo dia da Semana em homenagem à Comuna de Paris com a profª Lívia Cotrim, com o tema Marx e a Comuna. A profª começou falando exatamente sobre a expressão que dá nome ao evento “A Poesia do Futuro”. O termo aparece pela primeira vez no livro “18 Brumário de Luis Bonaparte”, quando Marx se referia as revoluções dizendo que os homens haviam sempre buscado em eventos passados inspiração para as revoluções. No caso da revolução burguesa, essa era uma revolução com fins limitados, porém era necessário heroísmo para empreender tal feito, de modo que a evocação de traços do passado serve para glorificar os potenciais e encobrir os limites. No caso da revolução proletária, essa deveria buscar no futuro a inspiração para sua efetivação, deve se pautar nas infinitas possibilidades que o futuro coloca.


A Comuna de Paris representa a diferença entre a revolução burguesa e a revolução proletária. Lívia ressalta que Marx, em trabalhos anteriores ao evento da Comuna, já havia notado a necessidade da derrubada do Estado para uma revolução proletária, pela impossibilidade de outra forma de Estado depois do capitalismo. A Comuna foi exatamente a antítese do Estado, tanto que a derrubada do mesmo foi o primeiro ato dos comuneiros. A profª demonstrou com base nos eventos da Comuna e das análises de Marx, que o Estado não é inerente ao ser humano, na verdade, tal qual o Capital, se tornou um entrave ao desenvolvimento humano real.

A profª Vera Lúcia tratou do tema A Comuna na América Latina. Com base em periódicos trabalhistas pós 1871, extraiu os reflexos da Comuna sobre países latinos americanos, especialmente Argentina e México. Segundo a professora, a escolha não foi aleatória, mas se fez por terem sido esses países os que mais receberam imigrantes europeus (especialmente italianos e espanhóis), muitos fugidos da repressão aos movimentos sociais depois da Comuna. Inclusive o Código Penal aplicado na Europa pós Comuna, seria “importado” para terras latinas.


A professora ressaltou elementos diferentes entre os periódicos que, apesar do conflito entre tendências anarquistas e socialistas, tinham como principal característica as diferenças entre os povos originários da região, que já tinham, como parte de sua cultura um certo “não reconhecimento” do Estado burguês. Essas tendências iriam se encontrar justamente nas fábricas de uma industrialização incipiente desses países latino americanos, no período posterior a Comuna de Paris.

Seguem as próximas atividades:

Quarta - 25/05:
Edison Sales: Da Comuna de Paris à estratégia soviética na luta pela emancipação dos trabalhadores
Diana Assunção: Louise Michel e a Comuna

Quinta - 26/05:
Lúcio Flávio Almeida: A Comuna e o debate contemporâneo sobre a transição para o socialismo
Wanderson Fábio Melo A Comuna e a educação

Sexta - 27/05:
Vânia Noeli F. Assunção: O Bonapartismo e a Comuna
Bia Abramides: As lições da Comuna e a atualidade da revolução social

Sábado 28/05: (13h00)
Beatriz Tragtenberg: Louise Michel e a Comuna
Henry de Carvalho: Courbet e a Comuna de Paris


LANÇAMENTO
K. Marx. A Guerra Civil na França (Boitempo)


FILME
La Commune (Paris, 1871) [Peter Watkins, 2000]

28/05 – 16h00 – Parte II


EXPOSIÇÃO
(25 a 28 de maio – Pátio da Fafil)

A Comuna de Paris – Imagens e Documentos
(Curadoria: Valdir Siqueira)

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