quinta-feira, 26 de maio de 2011

4º Dia: A Poesia do Futuro – 140 anos da Comuna de Paris

O quarto dia de palestras em homenagem aos 140 anos da Comuna de Paris na FSA começou com professor Wanderson Fábio Melo tratando do tema A Comuna e a educação. Antes de tratar das propostas para a educação na Comuna de Paris, o professor comentou sobre as tendências que se dividem ao tratar a Comuna ou como o último suspiro da Revolução Francesa ou como a abertura de novas possibilidades. Wanderson dividiu sua apresentação em três pontos a respeito da educação na Comuna: o ensino laico; a proposta educacional dos comuneiros; e o trabalho educacional na Comuna.


A separação da Igreja da educação esteve presente entre os primeiros decretos da Comuna. Segundo o professor, embora a bandeira do ensino publico, gratuito e laico já existisse durante a Revolução Francesa, ela nunca seria implementada até a Comuna em 1871. Na visão dos comunardos, a união entre Igreja e Estado no âmbito da educação era um dos fatores responsáveis pela violência e má situação da época. Lendo um dos decretos da Comuna a respeito da educação, o professor ressaltou o caráter socialista da educação, pautado na igualdade social e na instrução integral de acordo com os gostos e as aptidões de cada indivíduo. O termo “integral” vem da AIT (1ª Internacional) e diz respeito a uma educação completa e não fragmentada, que buscasse criar seres críticos e não soldados. Wanderson lembrou que a Comuna aconteceu em meio a uma guerra civil e durou apenas 72 dias, porém o trabalho educacional existia e era pautado na ação de grupos de alfabetização de adultos que já existiam em meados de 1870. Além disso, o trabalho educacional se pautava no respeito ao semelhante, diferente do que existia no bonapartismo, que glorificava a guerra. Os museus se tornaram efetivamente públicos e aulas aconteciam nesses espaços.


Primeiramente o professor Lúcio Flávio Almeida relatou a morte do casal José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, ambientalistas ligados a movimentos sociais assassinados em uma tocaia no último dia 24, no Pará. Os presentes, a pedido do palestrante, aplaudiram a luta dos militantes assassinados, em sinal de homenagem.


O professor, com o tema A Comuna e o debate contemporâneo sobre a transição para o socialismo, iniciou falando sobre a imagem que a imprensa da época criava dos membros da Comuna, que eram taxados de monstros e coisas piores. Falou também da tendência da mídia hoje em clamar por lutas institucionalizadas, ou seja, a limitação das lutas sociais dentro do âmbito da democracia burguesa. Lúcio lembrou que Marx tinha uma concepção sobre o Estado que vai se aprofundar com o levante dos operários em Paris. Os trabalhadores podiam participar da política, tomar o poder e conduzir um processo de construção de uma sociedade sem classes. A idéia de que os proletários podem tomar o poder político e expropriar os bens de produção dos burgueses passava a ter uma representação histórica, que foi a Comuna. O professor citou ainda o chamado Socialismo do Século XXI, representado nos governos da Venezuela e Bolívia, que não representam uma ruptura e acabam também delimitados nos limites burgueses, ainda que tenham conseguido algumas conquistas. Apesar de não ser partidário da derrota desses governos, nos moldes da grande mídia, Lúcio ressaltou que prefere o Socialismo no Século XXI ao Socialismo do Século XXI.



Seguem as próximas atividades:


Sexta - 27/05:
Vânia Noeli F. Assunção: O Bonapartismo e a Comuna
Bia Abramides: As lições da Comuna e a atualidade da revolução social

Sábado 28/05: (13h00)
Beatriz Tragtenberg: Louise Michel e a Comuna
Henry de Carvalho: Courbet e a Comuna de Paris


LANÇAMENTO
K. Marx. A Guerra Civil na França (Boitempo)


FILME
La Commune (Paris, 1871) [Peter Watkins, 2000]

28/05 – 16h00 – Parte II


EXPOSIÇÃO
(25 a 28 de maio – Pátio da Fafil)

A Comuna de Paris – Imagens e Documentos
(Curadoria: Valdir Siqueira)

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