segunda-feira, 5 de março de 2012

Cadernos de Ciências Sociais - Número 2 "América Latina: Bicentenário de uma Luta Inacabada"

Foi lançada nesse início de ano a revista acadêmica Cadernos de Ciências Sociais - Número 2 "América Latina: Bicentenário de uma Luta Inacabada". O trabalho, resultado do esforço de alunos e professores do Curso de Ciências Sociais da FSA, contem uma série de artigos e entrevistas, além de comunicações de pesquisa, referentes à Semana de Ciências Sociais 2010, cujo tema foi: "América Latina: Bicentenário de uma Luta Inacabada".


Os Cadernos estão sendo vendidos por R$ 15,00. Para maiores informações, entrar em contato pelo e-mail: colegiado.sociais@fsa.br


APRESENTAÇÃO

Este segundo número dos Cadernos de Ciências Sociais reúne as exposições apresentadas durante a Semana de Ciências Sociais 2010 – América Latina: Bicentenário de uma Luta Inacabada, bem como outros artigos confluentes com essa temática e as Comunicações de Pesquisa de estudantes de graduação e pós-graduação.

O evento, de caráter interinstitucional, foi organizado pelo Colegiado de Ciências Sociais, do Centro Universitário Fundação Santo André, o Departamento de História, o CEHAL (Centro de Estudos de História da América Latina) e o NEHTIPO (Núcleo de Estudos da História do Trabalho – Ideologia e Poder), da PUC-SP, e as Faculdades Cásper Líbero, e obteve o apoio da CAPES. Os debates, desenvolvidos simultaneamente nas três instituições, contaram com a presença de pesquisadores de diversos países da América Latina.

Este número vem à luz num momento em que, mais uma vez, as contradições do capital eclodem em uma crise tão global quanto as próprias relações capitalistas, trazendo à tona seus limites e dando corpo visível à urgência de fazer a crítica teórica e prática de um modo de produção que tem na desefetivação dos produtores sua condição de existência e reprodução ampliada.

A apreensão teórica não pode desconsiderar nem a processualidade histórica pela qual essa forma de metabolismo com a natureza veio a assumir seus contornos atuais, nem seu caráter desigual e combinado, manifesto nas formas particulares de sua entificação.
A particularidade histórica latino-americana, em suas relações internas e enlaces externos, foi o foco do evento, em especial seus dois últimos séculos, desde o marco dos movimentos de independência e afirmação nacionais.

Os materiais aqui publicados manifestam a importância dessa temática. As transformações operadas na América Latina ao longo de dois séculos modernizaram o continente, mas conservando condições materiais e humanas fortemente restringidas impostas pelas classes dominantes internas e externas desde o início dos tempos modernos. De sorte que, transcorridos duzentos anos, não assistimos a um desenvolvimento humano compatível com os padrões tecnológicos industriais que para cá foram sendo carreados.

A disparidade entre o padrão humano societário e as forças produtivas do capital foi sendo revelada nas intensas lutas sociais, de múltiplos conteúdos, as quais, no entanto, apesar de conquistas alcançadas em diversos momentos e esferas, não lograram rompoer a super-exploração da força de trabalho nem o caráter autocrático de seus estados. Ao contrário, a resposta, na maior parte das vezes, não foi outra senão a repressão brutal, política e ideológica, e o adensamento de uma vigilância estatal, preventiva, própria das instituições autocráticas aqui instaladas pelos setores dominantes endogenamente, mas subsumidos às determinações e interesses do capital internacional.

Internamente, as autocracias burguesas promoveram um aperfeiçoamento das formas de dominação criando padrões ideológicos ultra-conservadores, convenientes à manutenção e continuidade de seu hiper-atraso sócio-econômico em relação aos países europeus e, mais tarde, também em relação aos EUA e Japão.

As lutas pelas independências nacionais permaneceram inacabadas, e o processo de mundialização do capital, apoiado no desenvolvimento das forças produtivas e na reconversão dos países pós-capitalistas ao capitalismo, tornou definitivamente obsoletas as lutas nacionalistas. Os diferentes países latino-americanos inserem-se nesse novo quadro mantendo os óbices decorrentes do atraso na objetivação do capitalismo que aqui se desenvolveu e da atrofia insuperável de que o capital padece: o estreitamento material e espiritual e a opressão a que são submetidas as massas trabalhadoras.

Os estranhamentos produzidos pelo capital e as falências práticas e teóricas das tentativas de responder a eles tornam o presente pouco auspicioso, mas não interditam nem emudecem a luta pela emancipação humana; reafirmar a potencialidade humana de autoconstrução, individual e genérica, identificar os obstáculos postos a esse processo pelo capital e pelo estado, e prospectar os caminhos para sua superação.

Tão efetivos quanto os obstáculos postos pelo capital e pelo estado, em suas várias manifestações particulares e enlaçadas, ao processo de autoconstrução, individual e genérica, são a potencialidade humana de prosseguir nessa trilha, identificando esses obstáculos e prospectando os caminhos para sua superação.

O Colegiado de Ciências Sociais, nas diversas atividades que organiza e apóia, busca manter presente essa perspectiva. A Semana de Ciências Sociais 2010 – América Latina: Bicentenário de uma Luta Inacabada, não foi diferente, como mostram os artigos aqui reunidos. Em todos eles, em que pesem as especificidades, revela-se o esforço em apreender o processo histórico e o presente de diferentes países do continente, sob ângulos que incluem as relações de subordinação imperialista, as condições de trabalho, as formas do estado, a presença e luta das mulheres, os meios de comunicação.

Os resumos das Comunicações de Pesquisa de estudantes de graduação e pós-graduação das instituições organizadoras e outras mostram os primeiros resultados auspiciosos dos esforços dos novos pesquisadores e professores em formação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário